(…) Mais do que
todas as crianças atingirem a mesma etapa, o grande objetivo da educação
pré-escolar deve ser o de proporcionar oportunidades, para que todas possam ir
explorando a escrita, brincando com a escrita, refletindo sobre a escrita e as
suas convenções, de uma forma contextualizada, funcional e portanto
significativa.
Um dos papéis importantes do jardim-de-infância
na aprendizagem da linguagem escrita é o de promover um envolvimento precoce
das crianças com a escrita. Isto não significa que o jardim-de-infância assuma
o papel do ensino da leitura e da escrita, mas sim que a linguagem escrita não
seja ignorada e banida dos contextos pré-escolares. Esta deve ser algo
sistematicamente presente e, portanto, que as crianças possam explorar,
utilizar, experimentar, compreender e descobrir, progredindo, assim, no seu
conhecimento sobre as características da escrita e da sua utilização.
O conceito de envolvimento refere-se a muito mais
do que à utilização ou reprodução da escrita. Envolvimento pressupõe vontade,
iniciativa, desafio, prazer, assim como desenvolvimento, apreensão e
mobilização de estratégias de escrita cada vez mais elaboradas e da sua
utilização funcional em contexto social. Assim, este envolvimento só se consegue
quando o contexto é rico em experiências de literacia, e as crianças não só
veem utilizar, como utilizam a escrita por necessidade, e com objetivos claros,
e se sentem desafiadas, satisfeitas e competentes nas suas tentativas.
As crianças podem e devem brincar com a escrita,
não só porque gostam e necessitam de o fazer, mas também porque quando se
brinca não existe exigência nem pressão para que a tarefa fique correta. Se
falhar, não faz mal, e se quiser pode tentar novamente. Assim, associa-se o prazer
a uma atividade que noutras circunstâncias poderia ser associada a
constrangimentos.
O prazer e a satisfação são também originados
pelo sentimento de competência. (…)
(…in “A
descoberta da escrita, textos de apoio para Educadores de Infância, 2008.)
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