“Quando eu nasci”, de Isabel Minhós Martins e Madalena Matoso, Planeta Tangerina,
Pelas páginas deste livro desfilam algumas das descobertas que acontecem a partir do nascimento: A aventura do respirar, do provar, do sentir…
“Quando eu nasci nunca tinha visto nada.
(…)Quando eu nasci nunca tinha visto o sol, nem uma flor, nem uma cara.
Eu não conhecia ninguém, nem ninguém me conhecia a mim.
(…) Quando eu nasci nunca tinha visto um passarinho, nem sabia que havia animais com penas, outros com escamas e outros com pêlos, como o meu cão.
…
(…) Quando eu nasci era tudo novo, tudo por estrear.
…
(…)A minha boca ficou espantada quando descobriu o que era capaz:
De chorar muito alto.
De rir com vontade.
De chamar as coisas pelo seu nome.
De dizer palavras feias e bonitas.
De dar beijinhos e deitar a língua de fora.
De provar leite, sopa, iogurtes e frutas.
De saborear todos os sabores.
(…) O meu nariz também ficou surpreendido…
(…) A toda a hora, a todo o segundo, traz-me ar fresquinho e cheiros novos.
Há uns de que eu gosto muito:
O cheiro do colo da minha avó.
O cheiro das papas de manhã.
…
(…)O cheiro do meu champô.
…
(…)Lá dentro da barriga da minha mãe, tinham-me chegado algumas vozes, o som de alguns instrumentos.
Mas eu podia lá imaginar…
Que as ondas falam de cá para lá.
Que as árvores, quando o vento canta, canta também.
Que é tão bom quando alguém nos fala baixinho ao ouvido.
…
(…) Quando eu nasci nunca tinha brincado com pedras, nunca tinha mexido na terra, nem feito túneis na areia. As minhas mãos nunca tinham tocado em nada, só uma na outra.
…
(…)Quando eu nasci as minha mãos começaram logo a perguntar:
Que é isto? Quem és tu?
E desde então nunca mais pararam, sempre a descobrir e a aprender, a abrir e fechar portas.
Com elas já aprendi que há coisas macias e outras que picam.
Que há coisas quentes e outras frias.
Com as minhas mãos chego a todos os lugares e, quando não consigo lá chegar, ponho-me em biquinhos dos pés.
Porque os meus pés, quando eu nasci, ainda não sabiam andar.
Mas aprenderam depressa e desde então levam-me a toda a parte, fazem-me correr e dançar e dar saltos no colchão.
Quando eu nasci não sabia quase nada.
Agora, pelo menos, uma coisa já aprendi.
Ainda há um mundo inteiro por conhecer…
Mas uma coisa também é certa.
Todos os dias descubro sempre mais um bocadinho.
E isso é a coisa mais fantástica que há!”
Muitos parabéns por este post. A mensagem é muito bonita e foi muito bem escolhida e apresentada! Continuação de bom trabalho.
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